Franceses e gregos manifestaram-se a poucos dias das eleições marcadas pela crise. Os espanhóis viram a taxa de desemprego atingir os 24% e saíram à rua no Dia do Trabalhador para pedir trabalho. A austeridade e a crise serviram de mote as concentrações do 1º de Maio em vários países.
Marselha
Atenas
As medidas de austeridade e o desemprego levaram mais de 18.000 gregos a sair à rua em várias cidades do país quando faltam cinco dias para as legislativas que levarão à formação de um novo Governo. Logo de manhã, cerca de 8000 pessoas juntaram-se num protesto da Frente de Luta dos Trabalhadores (Pame), próxima do Partido Comunista, em Aspropyrgos, a 35 quilómetros de Atenas, segundo a polícia. E em Salónica, a segunda cidade, cerca de 7000 pessoas participaram em protestos também convocados pela Pame.
Na capital houve pelo menos dois protestos, um convocado pelos sindicatos que, à hora marcada, juntava mais de 1500 pessoas, e outra concentração organizada por grupos de esquerda que começou por juntar 2000 manifestantes. “Abaixo a justiça dos mercados” era o slogan que se lia em alguns cartazes.
Espanha: Mais de 100 mil manifestantes em 80 cidades
Num 1º de Maio marcado pela crise e pelo desemprego que ultrapassa os 24%, em Espanha houve manifestações em 80 cidades do país que juntaram dezenas de milhares de manifestantes. Pediu-se “trabalho, dignidade, direitos”. As concentrações foram convocadas pelas duas principais centrais sindicais espanholas, UGT e CCOO, e no centro da contestação esteve a reforma do trabalho introduzida pelo Governo de Mariano Rajoy e o orçamento mais austero dos últimos tempos.
A manifestação de Madrid começou pouco após o meio-dia, os líderes sindicais lembraram sobretudo os quase 6 milhões de espanhóis que estão desempregados. Segundo as duas centrais sindicais “mais de um milhão de pessoas desfilaram em toda a Espanha” O secretário-geral da CCOO, Ignacio Fernandez Toxo, sublinhou que estas manifestações não serão o fim dos protestos e que “os trabalhadores sairão à rua até que a situação mude”.
França: Manifestações em plena campanha
Em França o Dia do Trabalhador ocorre a cinco dias da segunda volta das presidenciais em que se irão defrontar o actual Presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande, à frente nas sondagens. Por isso saíram à rua sindicalistas e militantes de esquerda, que gritaram palavras de ordem contra o governo de Sarkozy.
Os sindicatos convocaram 289 desfiles e ao início da tarde já milhares se tinham juntado às concentrações. Segundo a central sindical CGT as manifestações juntaram cerca de 750 mil pessoas em todo o país, cerca de 250 mil em Paris. A autarquia da capital francesa adiantou, no entanto, que na capital francesa deslilaram 48 mil pessoas, quatro vezes mais do que no ano passado.
Itália: Breves confrontos com a polícia em Turim
Milhares de manifestantes desfilaram na cidade italiana de Rieti, onde ouviram os líderes dos três principais sindicatos a denunciar as medidas do Governo do primeiro-ministro Mário Monti.
Em Turim chegou a haver breves confrontos entre manifestantes e a polícia. Os manifestantes acusaram o líder da autarquia, que se juntou aos protestos, de não fazer o suficiente para criar empregos na cidade.
Reino Unido: Occupy Londres distribuiu flores
Apesar de o 1º de Maio não ser feriado no Reino Unido, o movimento Occupy em Londres, que mobilizou diversos protestos contra a crise económica e o actual sistema financeiro, organizou uma acção de solidariedade para com os trabalhadores e foi para o metropolitano distribuir cravos e rosas.
Na estação de Liverpool Street, junto ao coração financeiro da cidade, foram distribuídos “milhares de rosas e cravos”. O objectivo do Occupy Londres era partir daí em direcção à Catedral de São Paulo, junto à qual manteve um acampamento durante 136 dias, e depois juntar-se aos protestos dos sindicatos, sublinhou a agência Lusa. No próximo dia 12 prevê juntar a outros protestos que assinalam o nascimento em vários países do movimento dos “indignados”.
Turquia: Dezenas de milhares desfilaram em Istambul
Na Praça Taksim de Istambul, onde em 2010 voltou a ser possível celebrar o 1º de Maio após uma proibição que se prolongava desde 1977, quando desconhecidos abriram fogo sobre a multidão e causaram 34 mortes, milhares de manifestantes juntaram-se para uma concentração.Cerca de 20 mil polícias foram mobilizados para garantir a segurança no local, a praça foi cercada por barreiras metálicas e todos os manifestantes tinham de passar no controlo policial. A manifestação juntou pessoas das várias tendências políticas, de comunistas aos islamistas, passando pela minoria curda e por organizações feministas e de defesa dos direitos dos homossexuais.
Rússia: Putin e Medvedev juntam-se a 150 mil manifestantes
O Presidente eleito Vladimir Putin e o chefe de Estado cessante, Dmitri Medvedev, juntaram-se em Moscovo a uma grande manifestação pró-Kremlin marcada para o Dia do Trabalhador. Putin assumirá o cargo que já ocupou antes de Medvedev na próxima semana. Na manifestação em que participou estiveram cerca de 150 mil pessoas, segundo a Reuters. A acção foi convocada por sindicatos próximos do regime e encheu a principal artéria de Moscovo, a rua Tverskaia.
“Somos uma força”, gritaram Putin e Medvedev, à cabeça do desfile. A última vez que um chefe de Estado russo participou nas concentrações do 1º de Maio foi em 1996, quando Boris Ieltsin estava no Kremlin.
Estados Unidos: Um teste ao Movimento Occupy
Nos Estados Unidos o 1º de Maio foi considerado um teste ao Movimento Occupy, que convocou manifestações em Nova Iorque e noutras cidades e anunciou que iria juntar-se às concentrações do 1º de Maio.
Dezenas de manifestações foram convocadas para todo o país, activistas do Occupy Wall Street voltaram à Zuccotti Park junto ao centro financeiro onde o grupo esteve acampado, mas ao início da tarde apenas algumas dezenas de activistas estavam em frente ao edifício do Bank of America. Uma pessoa chegou a ser detida e o grupo adiantou que esperava uma maior participação nos protestos previstos mais para o final do dia.
Manifestações nos países das revoltas árabes
O 1º de Maio foi também assinalado nos países que foram cenário das chamadas revoltas árabes. Na Tunísia, onde os protestos levaram no ano passado à queda do regime de Ben Ali, mais de 20 mil pessoas saíram à rua para pedir “emprego e unidade nacional”.
Mobilizados pelos sindicatos, milhares de tunisinos desfilaram pela avenida Habib Bourguiba com bandeiras da Tunísia e a cantar o hino nacional. E voltou a ouvir-se “o poder está nas mãos do povo”. A manifestação contou com a participação de membros do partido islamista Ennahda e de outras correntes da oposição.
Já no Bahrein, centenas de manifestantes desfilaram em cidades xiitas para pedir emprego, ou a reintegração nos seus empregos, depois de, durante os protestos do ano passado, terem sido reintegrados centenas de trabalhadores xiitas que acabaram por não ser reintegrados nos seus postos de trabalho.
Sem comentários:
Enviar um comentário