O secretário-geral da CGTP destacou, este sábado, a importância da democracia participativa, em resposta a D. José Policarpo, para quem os problemas do país não se resolvem em manifestações de rua. Arménio Carlos sublinhou ainda que "violência é trabalhar e não receber salário", em reação à acusação de incitamento à violência feita pelo primeiro-ministro ao PCP.
"A democracia para nós não é só aquela que tem a componente representativa, também a democracia participativa. É fundamental que os cidadãos participem, intervenham e reivindiquem, tanto mais num momento em que este povo está a sofrer ao nível da austeridade e sacrifícios como nunca teve", afirmou Arménio Carlos, este sábado à tarde, no âmbito da marcha convocada pela CGTP entre a Praça da Figueira e a Assembleia da República, em Lisboa.
Esta declaração surge em resposta às afirmações do cardeal Patriarca de Lisboa que defendeu, sexta-feira, em Fátima, que os problemas do país não se resolvem em manifestações de rua e "nem com uma revolução se resolvia".
"Esta política está a gerar pobreza. Nós valorizamos muito o papel de muitas organizações da Igreja, que também elas estão ao nosso lado a denunciar estas políticas e a ter uma intervenção de apoio aos que mais necessitam, aos desempregados e aos sem-abrigo. Essa é a vertente que devemos valorizar. Porque a Igreja tem um papel muito importante na sociedade, mas nestas alturas também deve ver de que lado é que deve estar. A Igreja, a esmagadora maioria da Igreja está do lado do povo", acrescentou o secretário-geral da CGTP.
Arménio Carlos reagiu ainda à acusação de incitamento à violência, feita pelo primeiro-ministro Passos Coelho ao PCP, durante o debate sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2013. "Foi uma declaração de quem neste momento se sente que tem a generalidade da população contra as políticas do Governo. Sabe também que por mais declarações que faça perdeu a credibilidade e procura desviar as atenções e até fazendo um apelo implícito a que se verifique violência", disse.
"Pela nossa parte, e já o dissemos várias vezes que não há maior violência do que uma pessoa trabalhar e não receber salário, estar permanentemente sob o cutelo dos vínculos precários e não saber se o contrato vai ser renovado o contrato. Isso é que é violência, violência financeira, psíquica e psicológica. Violência física connosco não dá, porque não a vamos aceitar e nem alguma vez a iremos instigar. A nossa razão não se impõe pela violência. A nossa razão impõem-se pela fundamentação contra os argumentos e acima de tudo pela elevação da consciência social", concluiu Arménio Carlos.
Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=2827006
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