18/09/12

O Rosto do Desemprego - 124

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Nome   Bruno Dias

Idade   37 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa / Almada

For­mação   curso de dire­ito incom­pleto

Última profis­são   del­e­gado de infor­mação médica

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 1 de agosto de 2012

Agre­gado famil­iar   casado, tem uma filha

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “é uma nova real­i­dade, é tudo novo, é assus­ta­dor. adequei-me a um certo tipo de vida na área onde tra­bal­hei, com muitas regalias, muito acima da média do cidadão comum por­tuguês. vai ser difí­cil adap­tar a minha vida a par­tir de agora a esta nova real­i­dade, até porque a minha mul­her, que tam­bém tra­bal­hava nesta mesma área e tam­bém, desde fevereiro, está desem­pre­gada . tiramos a nossa filha do colé­gio, fize­mos a nossa troika em casa, com muitas restrições, nat­u­ral­mente (…) a par­tir de agora tenho de fazer tudo para que rap­i­da­mente possa encon­trar emprego. não nec­es­sari­a­mente den­tro da mesma área, não nec­es­sari­a­mente tra­bal­hando para uma enti­dade patronal, pos­sivel­mente pela via do empreende­dorismo, eu próprio criar o meu próprio posto de tra­balho. o panorama para quem procura tra­balho não é ani­mador, vou procu­rar todas as pos­si­bil­i­dades, e even­tual­mente eu próprio criar o meu posto de trabalho”

Per­spec­ti­vas de futuro   “o dire­ito do tra­balho está a mudar, não de mês para mês, mas quase de dia para dia. toda a leg­is­lação lab­o­ral, todos os dire­itos históri­cos e uni­ver­sais que nós tín­hamos não pas­sam disso mesmo, são história, fazem parte do pas­sado (…) o nosso país, querendo-se adap­tar, pela força, a uma Europa que está deca­dente, e que é ape­nas um aglom­er­ado de inter­esses ‘egoís­ti­cos’, em que toda a dinâmica do europeísmo e fed­er­al­ismo está morta e enter­rada, por querer uma carta bonita no retrato europeu, esquece que se está a entrar numa espi­ral de mis­éria, em que as pes­soas pas­sam fome, estão de pés e mãos ata­dos, não con­seguindo encon­trar uma alter­na­tiva para o futuro (…) vejo a situ­ação com muitas restrições e difi­cul­dades. as min­has per­spec­ti­vas serão de viver um dia de cada vez, esperar que as coisas mel­horem e encon­trar alguma estre­linha de sorte. as pes­soas pre­cisam de lutar pelos seus dire­itos, de uma forma civ­i­lizada, pací­fica e activa. somos pes­soas, seres humanos, temos dire­ito à dig­nidade, e esta em si encerra muita coisas, uma das quais, muito impor­tante, que é o dire­ito ao tra­balho. as pes­soas não podem desi­s­tir e baixar os braços (…) passá­mos de uma situ­ação de con­sumo desmesurado para o seu oposto. está­va­mos a mor­rer da doença e agora esta­mos a mor­rer da cura. as políti­cas são feitas por tec­nocratas, pes­soas muito insen­síveis, que não sabem o que é estar num cen­tro de emprego. gostava que um min­istro pas­sasse uma manhã num cen­tro de emprego, para vêr e o que é, e sen­tir, o desân­imo das pes­soas, que sen­tem um misto de ver­gonha e de culpa pela situ­ação em que se encon­tram. pes­soas que deram tudo pela manutenção do seu posto de tra­balho. é certo que deve­mos ser sen­síveis à mudança e saber­mos que um emprego não é para toda a vida, mas no meio disso tudo, as pes­soas têm de ter condições e meios para con­seguir refazer as suas vidas, senão o pais nunca mais vai ser o mesmo”

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