Retrato incompleto de Passos Coelho, líder de uma geração que já não tem nada a perder
02.06.2012 - 22:11 Por Teresa de Sousa
Há sempre três dimensões num retrato político. O personagem, o seu pensamento e a circunstância. O do primeiro-ministro ainda está apenas em esboço.
Porque “entrou e saiu” da política. Porque rompeu com a aristocracia do seu partido. Porque apostou — por táctica ou por convicção — num pensamento de matriz liberal que não faz parte da tradição política nacional. Porque representa uma nova geração de políticos que só conheceram a democracia.
Desvendar o mistério chamado Pedro Passos Coelho continua a ser, um ano depois da sua eleição, um exercício arriscado. A História ainda pode ser generosa com ele, se a história desta crise acabar bem e não demasiado tarde. Mas também pode vir a ser implacável.
Hoje já menos gente se atreve a subestimá-lo. Continuam a prevalecer, todavia, duas narrativas sobre ele à espera da prova dos factos. Aquela que o descreve como um político sem dimensão e sem pensamento, que se limitou a aproveitar uma oportunidade. A que o vê como o intérprete de uma nova geração e de uma nova visão, autónoma em relação ao passado, mais ousada em relação ao futuro, que constitui, no fim de contas, o único caminho que falta experimentar para libertar o país das amarras do atraso estrutural e de algumas ilusões europeias. Para este retrato, todas as perguntas são legítimas. As respostas são ainda muito incompletas.
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