20/07/12

A EDP em Macau

A EDP quer assumir a liderança da Companhia de Electricidade de Macau (CEM), disse hoje à agência Lusa o presidente da eléctrica portuguesa, António Mexia.

Com uma participação de 42% na CEM, a EDP está disponível para assumir a sua liderança e António Mexia defende que a CEM ficaria a ganhar.

<p>António Mexia, presidente da EDP</p>

“Acho que a CEM tem tudo a ganhar se se tornar uma companhia que em vez de ser meio-meio, não sendo bem assim, mas 42 por cento/42 por cento, fosse uma companhia onde alguém assuma a liderança e nós sempre nos mostrámos interessados nesse papel”, afirmou à margem do seminário “Caminho das Exportações”, organizado pelo semanário Expresso, a propósito da visita do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, à China.


Salientando que apesar da participação na CEM e do interesse do mercado asiático em forte crescimento ser uma realidade, António Mexia traça, contudo, um cenário de expansão regional mais demorado ao salientar que a “prioridade” passa pela consolidação das contas, do balanço e da situação financeira da EDP.

Já a parceria com a China Three Gorges dá à EDP outro “tónus muscular” que António Mexia considera “fundamental” para o processo de internacionalização da empresa portuguesa.

Numa relação de benefício mútuo, António Mexia salientou também que a EDP dá ao seu sócio chinês “essencialmente aquele movimento que as companhias chinesas hoje têm que é serem companhias globais” e que, apontou, “corresponde, aliás, a uma transformação”.

“A China era um centro de produção e agora posicionou-se como um mercado global e as companhias chinesas grandes como a China Three Gorges estão nessa globalização”, disse, ao defender que, por um lado, ganha a EDP com a força do gigante chinês, mas que a empresa portuguesa dá também “acesso a mercados, competências, organização e métodos adequados a essa política de globalização”.

O Rosto do Desemprego - 69

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Nome   José Mar­ques

Idade   31 anos

Naturalidade/Residência    Cabo Verde / Por­tu­gal

For­mação   Músico da banda lions di polon (sím­bolo da força e resistên­cia caboverdeana)

Última profis­são   tra­bal­hou na ground­force

Há quanto tempo desem­pre­gado   há cerca de 2 anos

Agre­gado famil­iar   casado, os dois sem emprego

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “crise aplica-se a quem esteve bem na vida e viu os seus rendi­men­tos irem por água abaixo. quem, como eu nunca teve um ganho sus­ten­tável, acaba por não sen­tir muita difer­ença, fica tudo na mesma. é uma real­i­dade não deixa de ser, por não se aplicar à mim con­tinua a exi­s­tir e a afec­tar a sociedade por­tuguesa ”

Per­spec­ti­vas de futuro   “já pen­sei em voltar a emi­grar, uma vez que já estive emi­grado na Holanda, França e out­ros sítios. sin­ce­ra­mente não com­pensa pois o fla­gelo não está só em Por­tu­gal. em com­para­ção com out­ros países em aqui ganha-se menos mas a despesa tam­bém acaba por ser menor. por agora é procu­rar tra­balho, esperar que a maré mude. se há quem  com 10 000 euros viva com difi­cul­dade imagine-se então um casal com 400 euros,  ou os dois desem­pre­ga­dos, como é o meu caso.”

O Rosto do Desemprego - 68

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Nome   Ana Paula Gonçalves

Idade   38 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa

For­mação  9ª ano recep­cionista

Última profis­são   vig­i­lante de empresa de segu­rança

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde fevereiro de 2010

Agre­gado famil­iar   casada, tem 3 fil­hos

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou tudo, para pior. hábitos, férias, tudo. nunca dependi de ninguém e agora estou a depen­der de um filho que tenho, que vai fazer 21 anos. o meu marido tam­bém está desem­pre­gado”

Per­spec­ti­vas de futuro   “não sei se o futuro é mel­hor ou pior. por este andar qual­quer dia tam­bém me dedico à crim­i­nal­i­dade. espero encon­trar um emprego, de prefer­ên­cia empre­gada de bal­cão. do cen­tro de emprego não tenho nen­hu­mas expec­ta­ti­vas. estou aberta a qual­quer oferta de tra­balho, desde os 16 anos que tra­balho. para a área de segu­rança, não estou muito virada, mas se aparecer”

08/07/12

O Rosto do Desemprego - 67

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Nome   Anabela Costa Pinto

Idade   42 anos

Naturalidade/Residência   Bar­reiro / Lis­boa

For­mação  mar­ket­ing e pub­li­ci­cade e marketing/vendas

Última profis­são   gestora com­er­cial

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde janeiro de 2012

Agre­gado famil­iar   casada, com dois fil­hos depen­dentes

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “temos de fazer restrições e cor­tar muita coisa em casa, cor­tar no mais básico (…) o meu marido é fun­cionário pub­lico e já basta o que o estado lhe tira. ele é o nosso maior alicerce em casa. com o orde­nado dele, tirando o meu, vai tudo por água a baixo. a pes­soa tem um orde­nado de mil euros e vai para a segu­rança social com 470 euros. eu que descon­tava sobre comis­sões e tudo o que gan­hava. se todos fizessem como eu e descon­tassem sobre tudo o que gan­ham se cal­har não estava­mos na situ­ação em que esta­mos. tra­bal­hei sem­pre toda a vida. nunca fui para o fundo desem­prego (…) até maio estive a ver se arran­java emprego, a par­tir daí inscrevi-me e recebo 470 euros e a par­tir de 180 dias descontam-me mais 10 por cento. tenho duas fil­has, uma a entrar para a fac­ul­dade e outra, uma menina com 4 anos, ten­tei tirá-la do colé­gio por causa da men­sal­i­dade que é muito alta e não dá para con­cil­iar tudo”

Per­spec­ti­vas de futuro   “vejo isto muito mal parado. vou ten­tar ver o que posso fazer. sair do país é impos­sível. para mim não, com 42 anos. é triste que me achem velha. estive nos Esta­dos Unidos e vi pes­soas com muita idade acti­vas. tra­bal­hei 22 anos, tenho exper­iên­cia de tra­balho, nunca estive de baixa, nunca estive no fundo de desem­prego mas sou con­sid­er­ada velha, o que fará se for­mos novos? uma miúda com 18 anos que sai da escola, se não tem curso é porque não o tem e se tem exper­iên­cia, já é velha, o que será que o estado ou a enti­dade patronal pre­ten­dem? (…)  tenho 3 cur­ricu­los no meu com­puta­dor para usar con­forme as situ­ações: um com­pleto com o meu his­to­r­ial todo de tra­balho, se envio esse, duvi­dam e acham que não me podem pagar o que mereço, se envio o mais incom­pleto é porque tenho pouca exper­iên­cia e pouco ou nada querem pagar. as enti­dades patron­ais estão a se aproveitar da crise. essa está na cabeça das pes­soas. vou pedir tra­balho a uma enti­dade e tenho de inves­ti­gar se ela paga a tempo e horas a toda a gente. será  isso cor­recto? faz sen­tido? é com­pli­cado.  é muito, muito triste”

O Rosto do Desemprego - 66

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Nome   António Manuel Pinto Fer­reira

Idade    50 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa

For­mação   6º Ano  Impres­sor Litógrafo

Última profis­são   Litó­grafo

Há quanto tempo desem­pre­gado   há dois meses, desde maio de 2012

Agre­gado famil­iar   casado

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou tudo, as roti­nas que tinha deixei de as ter, baixei o poder de com­pra, pas­sei a con­sumir menos, a uti­lizar menos o automóvel (…) a falta do emprego, de ocu­pação, começa a mexer com a nossa cabeça, como é obvio”

Per­spec­ti­vas de futuro   “muito negras, per­ante o que vejo, muito negras; o desem­prego está como está, não vejo grandes perp­sec­ti­vas. com a minha idade, para uns somos vel­hos e por outro lado somos novos. falta dar opor­tu­nidade às pes­soas que têm experiencia”

Lusófona e a licenciatura de Miguel Relvas

Ministro e universidade ameaçaram processar o Expresso por este noticiar que três dos quatro docentes de Relvas não o avaliaram. Os professores, afinal, foram outros. Processo estará acessível segunda-feira.

A Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa vai fazer uma auditoria aos 89 processos de alunos, entre os quais o ministro Miguel Relvas, que receberam entre 120 e 160 créditos pelo reconhecimento da experiência profissional, permitindo-lhes concluir num só ano uma licenciatura que demoraria, em tempo normal, três anos lectivos. Os resultados devem demorar no máximo duas semanas.

Mas não é uma auditoria especial, com procedimentos específicos. Trata-se de uma "repetição dos procedimentos de auditoria de certificação da qualidade que ocorrem sistematicamente a cada seis meses", confirmou ao PÚBLICO Manuel José Damásio, responsável pela área de serviços administrativos. Ainda assim, serão analisados ao pormenor os 89 processos de creditação profissional, entre os quais se inclui o do ministro.

Universidade comprometeu-se com as associações de alunos a repetir o processo de auditoria. deverá ter resultados em duas semanas


A auditoria será feita por uma entidade externa que não quis identificar. Serão extraídos os dados do sistema informático e confrontados com os registos em papel, com conferência nota a nota, pauta a pauta, número de horas dadas e assistidas, entre muitos outros parâmetros, descreve Manuel José Damásio.

Esta auditoria foi decidida num encontro, sábado de manhã, entre as duas associações de antigos e actuais alunos com a directora do curso de Ciências Políticas e Relações Internacionais, Ângela Montalvão Machado, o reitor, Mário Moutinho, e o administrador da universidade, Manuel de Almeida Damásio. Os mesmos responsáveis que na próxima terça-feira participarão, ao fim da tarde, numa reunião de alunos convocada pelas duas associações, para explicar a polémica em que a universidade se viu envolvida nos últimos dias e como a instituição actuou no processo do ministro. Manuel José Damásio rejeitou, porém, qualquer relação de causa-efeito entre a decisão de fazer a auditoria e a marcação desta reunião de alunos.

Lúcio Rapaz, presidente da Associação de Antigos Alunos, disse ao PÚBLICO ter um parecer de um jurista que conclui ser legal a situação de creditação de equivalências do ministro. "Fiquei estupefacto, mas a verdade é que a lei não especifica os limites mínimos ou máximos dos créditos que podem ser atribuídos", afirma. Porém, se se acabar por provar que houve ilegalidades na atribuição de créditos que dispensaram a frequência de cadeiras, Lúcio Rapaz defende que a solução é "anular todas as licenciaturas concluídas com a atribuição de créditos, independentemente de quem seja o aluno".

Fonte: http://www.publico.pt/Pol%C3%ADtica/lusofona-vai-repetir-auditoria-interna-a-licenciaturas-como-a-de-relvas-1553974?all=1

O Rosto do Desemprego - 65

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Nome   Luísa Maria da Silva Costa Ferreira

Idade   47 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa

For­mação  4ª classe e ter­mi­nará, a 4 de julho, o 6º ano

Última profis­são   tra­bal­hou 10 anos nos super­me­r­ca­dos ACSantos

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 18 de julho de 2011

Agre­gado famil­iar   marido e a filha, grávida

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “muita coisa, o que falta é o din­heiro, pre­ciso de tra­bal­har para dar comer à minha familia, e está a ser com­pli­cado (…) férias são raras,  pas­sei com­prar as coisas mais baratas;  o carro ficou à porta, se não há din­heiro para comer não pode haver para gasolina”

Per­spec­ti­vas de futuro   “isto tem de mel­ho­rar senão não sei onde vamos parar com esta situ­ação, vou ter de pedir emprestado e ninguém nos ajuda, espero não ter de pas­sar por isso (…) faço qual­quer coisa desde que haja tra­balho (…) gostava que o gov­erno se pre­ocu­passe tam­bém com os jovens e os pobres, pre­cisamos de tra­bal­har e comer, e eles só se pre­ocu­pam com os ricos”

O Rosto do Desemprego - 64

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Nome   Fábio André Pinto

Idade   18 anos

Naturalidade/Residência   Macedo, perto de Ovar

For­mação  prestes a com­ple­tar o 12º ano

Última profis­são   está­gio em meca­trónico (mecânica electrónica)

Há quanto tempo desem­pre­gado   com pou­cas per­spec­ti­vas de o con­seguir, ainda não chegou a estar

Agre­gado famil­iar   vive coma irmã e os pai, estes com o orde­nado mínimo

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “não posso dizer muito sobre isso mas tenho algu­mas ‘luzes’ sobre o que isso é e as difi­cul­dades que traz”

Per­spec­ti­vas de futuro   “ten­tar arran­jar um tra­balho onde não existe muita saída para quem não tem exper­iên­cia. ten­tar vin­gar. para quem não tem exper­iên­cia há pouco tra­balho. há tam­bém pouco tra­balho nas ofic­i­nas, já não há a von­tade de querer arran­jar os car­ros na ofic­ina (…) antes os car­ros iam para as ofic­i­nas agora vão para a porta de casa (…) vou ten­tar um tra­balho, ten­tar for­mar uma família, ten­tar fugir ao desem­prego. deviam dar mais opor­tu­nidade aos jovens ”

02/07/12

O Rosto do Desemprego - 63

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Nome   Maria Isabel da Costa

Idade   43 anos

Naturalidade/Residência   Lisboa

For­mação   fre­quên­cia do 11º ano

Última profis­são   coz­in­heira

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde agosto de 2008

Agre­gado famil­iar   sep­a­rada, familia monoparental, mãe de 3 fil­hos, vive com um deles

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “vivo com uma renda social de inserção, 249 euros, todos os dias vives com uma corda ao pescoço. a pre­ocu­pação, todos os dias, de como vou ali­men­tar os meus fil­hos (quando estava emigrada em espanha) aqui vivo com a ajuda da família (…) vivo na casa dos meus pai, com a ajuda da família, que me ced­eram a sua casa, pois não tenho casa própria. mesmo que gan­hasse o orde­nado min­imo nacional (485 eros) eu pagava a renda da casa e já não tinha nem para pagar a água, luz, o gás nem para comer. as coisas são muito práti­cas: dois mais dois são 4 ”

Per­spec­ti­vas de futuro   “não faço a min­ima ideia de como vai ser. vou ao cen­tro de emprego, recebo umas car­tas para me apre­sen­tar em alguns tra­bal­hos. tra­bal­has uma série de horas com turnos par­tidos para gan­har 500 euros.  eu em 2007 como aju­dante de coz­inha em valên­cia estava a gan­har 900 euros. aqui como coz­in­heiro prin­ci­pal gan­has 700, e já dizem que é um bom orde­nado. uma porra. não é assim. não tenho muita for­mação académica, mas em for­mação de vida tenho muita, sou uma pes­soa capaz,  sinto-me inte­gra, sei o meu valor, sei aquilo que valho, eu não mereço 485 euros, des­culpem lá eu, mas tra­bal­har por esse valor, reben­tar com o resto da minha saúde, sinto muito mas eu não o faço, que ven­ham mais de fora, do exte­rior, mas eu não o faço (…) gostaria de saber qual seria a solução para isto tudo. as notí­cias que ouvi apon­tam para a for­mação de um estado europeu, e essa per­spec­tiva está me a assus­tar um pouco. vamos depois lutar pelos dire­itos de inde­pendên­cia. porque a tendên­cia vai ser con­tro­lar o euro, voltar à moeda antiga, há muitos países que não o querem voltar a fazer e muitos que o querem voltar a fazer. o que isto vai pro­por­cionar, quanto a mim numa guerra (…) isto está, em ter­mos culinários, a entrar em ebu­lição, a começar a fer­ver, deva­gar­inho, a par­tir daqui começa a subir a tem­per­atura, é uma questão de tempo, prin­ci­pal­mente quando se trata de ali­men­tação, quando não tens de dar aos teus fil­hos alguma coisa vai acontecer”

O Rosto do Desemprego - 62

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Nome   Vítor Mon­teiro

Idade   48 anos

Naturalidade/Residência   Porto / Gon­do­mar Rio Tinto

For­mação   9ºano de esco­lar­i­dade profis­sional de hote­laria

Última profis­são   estu­dos de mer­cado e catering

Há quanto tempo desem­pre­gado  15 anos, porque sou precário

Agre­gado famil­iar  casado e um filho

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “O prob­lema é esse. No fundo tenho estado quase sem­pre desem­pre­gado. A minha vida é precária. Arrisquei ter uma cri­ança e não sei qual vai ser o futuro dela. Nunca sei se me meto numa despesa ou vou  entrar em incumprimento. Perdi a minha casa porque era inter­mi­tente e não con­segui aguen­tar. Cada vez nos desval­orizam mais o tra­balho, não temos hipótese de nego­ciar. Ou aceita­mos o que nos dão ou então não tra­bal­hamos”

Per­spec­ti­vas de futuro   “Neste união europeia, no euro e neste sis­tema chamado cap­i­tal­ista os tra­bal­hadores ou se revoltam e mudam isto para ter alguns dire­itos ou então per­spec­ti­vas de futuro não são nen­hu­mas, porque esta Europa é uma Europa dos grandes gru­pos económi­cos, dos gru­pos ban­queiros, e para os tra­bal­hadores não haverá nada. Gostava que todos os tra­bal­hadores, desem­pre­ga­dos, precários  se unam, saiam do armário, que só a luta nos levará a bom porto”

Enfermeiros contratados a quatro euros por hora

Os enfermeiros que comecem a trabalhar, a partir desta segunda-feira, nos centros de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo e que tenham sido contratados pelas empresas de prestação de serviços vencedoras do último concurso da Administração Regional de Saúde, vão receber quatro euros por hora, adianta o Diário de Notícias.

Até agora estes profissionais de saúde recebiam cerca de seis euros por hora, mas as novas regras do Estado para contratação de colaboradores em regime de prestação de serviços reduziram os valores a pagar às empresas e estabeleceram o preço mais baixo como critério dominante.

Antes o valor pago era de cerca de seis euros

Segundo explicou ao mesmo jornal o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses em muitos casos são enfermeiros que já trabalhavam nos centros de saúde para outras empresas, ou até para a mesma, e que vêem o valor pago por hora baixar para os 3,96 euros – o que no final do mês corresponde a cerca de 555 euros brutos e a 250 a 300 euros após os descontos, para 140 horas mensais de trabalho. O sindicato vai por isso reunir-se nesta segunda-feira com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo para fazer uma exposição sobre a situação.


A MedicSearch, uma das empresas vencedoras, citada pelo Diário de Notícias, lamenta que para o Estado apenas conte o valor a pagar e não a qualidade dos enfermeiros contratados. E explica que “os preços desceram 45% em relação ao caderno de encargos do concurso anterior”, já que a ARS estabeleceu como preço máximo o que era pago (seis euros) e como mínimo um valor 50% inferior, sendo obrigada a escolher as propostas mais económicas.

Já o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, diz não conhecer os valores pagos, justificando que não contratam enfermeiros mas sim serviços de enfermagem.

Na semana passada, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses já tinha anunciado que vai exigir ao Ministério da Saúde que cerca de 3000 enfermeiros com vínculo precário sejam admitidos na função pública, num regime de excepção semelhante ao encontrado para os médicos. Em causa estão profissionais que estão há vários anos no Serviço Nacional de Saúde a cobrir necessidades permanentes.

Já no que diz respeito ao excesso de profissionais nesta área, em meados de Junho o bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Germano Couto, propôs uma “redução de 10% ao ano” nas vagas de acesso ao ensino superior para combater o desemprego na profissão, já que o mercado mesmo em áreas carenciadas não consegue absorver todos os profissionais formados.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/enfermeiros-contratados-a-quatro-euros-por-hora-1552917

O Rosto do Desemprego - 61

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Nome   Fil­ipa Brito

Idade    19 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa

For­mação  9ª ano

Última profis­são   nunca tra­bal­hou

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde sem­pre

Agre­gado famil­iar   vive com mãe e irmão, pai fale­ceu recen­te­mente

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “nada porque eu nunca me empreguei”

Per­spec­ti­vas de futuro   “espero que sejam boas. vou começar a tra­bal­har, a par­tir de dia 1 de julho, a con­trato no pingo doce. estava inscrita no cen­tro de emprego e estou agora a tratar da parte  legal para ini­ciar o meu novo emprego (…) por­tu­gal não está numa boa situ­ação. a minha mãe esteve inscrita no cen­tro de emprego durante 17 anos até con­seguir emprego, o que é prati­ca­mente a minha idade. as opor­tu­nidades não são muitas. há muitas coisas a mel­ho­rar (…) não fazem sen­tido, como o facto de pedir uma empre­gada de bal­cão com carta de con­dução, não faz sen­tido, ou pedir pes­soas com exper­iên­cia, muita exper­iên­cia, e não se dá opor­tu­nidade aos jovens. no meu caso pediam o 9ºano, fui fazer o 9º ano e agora já me exigem o 12ª, qual­quer dia pedem uma licen­ciatura, e depois um mestrado (…) mas não foi o cen­tro de emprego que me aju­dou ou tra­tou da minha situ­ação, se não fosse eu a procu­rar eles não me ajudavam”

O Rosto do Desemprego - 60

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Nome   António João Antunes

Idade   48 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa

For­mação   a ten­tar acabar mestrado de arquitectura

Última profis­são   téc­nico de redes / infor­mática

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 3 de dezem­bro de 2010

Agre­gado famil­iar   vive soz­inho

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou tudo, quase tudo, a nível psi­cológico, a nível de mobil­i­dade, de me poder mover. se não tenho din­heiro não posso ir muito longe. mas prin­ci­pal­mente a nível psi­co­logico e men­tal. a pes­soa sente-se  como se fosse um inútil, com baixa auto-estima. é uma grandessis­síma merda…não tem expli­cação”

Per­spec­ti­vas de futuro   “ten­tar acabar o mestrado. mas não tenho din­heiro. o din­heiro que ganho do sub­sidio de desem­prego men­salmente (500 euros), não dá para pagar as propinas. tenho o meu curso sus­penso. aquele sonho que se tem de acabar as coisas e ter um objec­tivo, por enquanto está sus­penso mas tenho de o cumprir. não posso emi­grar porque emb­ora viva soz­inho tenho uma mãe a cargo com 87 anos. não a posso pôr num lar e não quero, porque con­heço os lares muito bem. tento tomar conta dela o mais bem que puder e ela vai-me aju­dando com o que pode da sua reforma (…) con­sumo avi­da­mente as notí­cias da inter­net e vejo tele­visão, a tele­visão aborrece-me. os políti­cos são sem­pre os mes­mos, os dis­cur­sos são sem­pre iguais, baco­cos, vazios de sen­tido (…) as pes­soas não pen­sam,  deviam ter mais con­sciên­cia política, par­tic­i­par acti­va­mente numa democ­ra­cia. mas isso é difí­cil de mudar. as men­tal­i­dades são difí­ceis de mudar, acomodamo-nos muito, aqui e no resto da europa e do mundo”