17/08/12

O Rosto do Desemprego - 96

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Nome   Luís Mar­tins
Idade  27 anos

Naturalidade/Residência  Guimarães
For­mação  fre­quên­cia do 12º ano

Última profis­são   empre­gado de paste­laria

Há quanto tempo desem­pre­gado   desde o iní­cio de julho de 2012

Agre­gado famil­iar   tem uma filha, vive em união de facto

O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “para já ainda não alterou muito porque foi há rel­a­ti­va­mente pouco tempo. quando se começa a ver que o salário que entra em casa é menor, é nor­mal gas­tar menos”
Per­spec­ti­vas de futuro   “é com­pli­cado, pelo que vejo na comu­ni­cação social, a situ­ação não está fácil a longo prazo, a curto prazo vou ten­tar arran­jar um emprego (…) já pen­sei em sair do país, mas neste momento com uma filha pequena, não (…) é com­pli­cado, neste momento estou disponível para tra­bal­har em qual­quer área, até porque a minha a nível de horários, é um pouco sobre­car­regada (…) prefe­ria uma com horários mais nor­mais que na restau­ração (…) espero acabar o 12º ano agora que tenho um pouco mais de tempo livre”

O Rosto do Desemprego - 95

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Nome   Paula Dias
Idade  36 anos

Naturalidade/Residência   lis­boa / costa de caparica
For­mação  fre­quên­cia do 12º ano 
Última profis­são   ger­ente 
Há quanto tempo desem­pre­gado   há perto de 2 anos
Agre­gado famil­iar   a própria
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mais difi­cul­dades de pagar uma renda e de poder fazer tudo o resto que o emprego nos dá, que é din­heiro para pagar as nos­sas neces­si­dades. tive menos saidas, menos jantares fora, menos cin­e­mas, menos tudo”
Per­spec­ti­vas de futuro   “acabar o 12º ano, con­seguir tirar um curso na fac­ul­dade, pos­sivel­mente em psi­colo­gia, para poder ter um emprego. penso ficar por Por­tu­gal porque acred­ito que um dia vai mel­ho­rar, nasci aqui, tenho as min­has raízes aqui, por­tanto não quero, ou não que­ria sair daqui”

O Rosto do Desemprego - 94

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Nome   Teresa Sousa 
Idade   47 anos

Naturalidade/Residência   Almada / Almada
For­mação  12º ano
Última profis­são   assis­tente téc­nica no infarmed
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde anteon­tem,  dia 31 de julho de 2012
Agre­gado famil­iar   casada, tem dois fil­hos depen­dentes, com 19 e 9 anos
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “sinto uma real­i­dade que vai ser dura, tendo em conta a con­jun­tura que nos encon­tramos, mas para uma pes­soa activa, que gosta de tra­bal­har vai ser com­pli­cado, para não falar do aspecto finan­ceiro”
Per­spec­ti­vas de futuro   “não tenho nen­hu­mas. em todos os lados onde tenho batido, para onde tenho envi­ado o meu cur­riculo, tenho 47 anos. isto está mau e a idade tam­bém já não ajuda, para tra­bal­har sou velha (dizem-me). isto para mel­ho­rar tinha de dar uma grande volta mesmo. enquanto uns lutarem e pagarem e enquanto out­ros viverem à grande e à francesa, com mor­do­mias nos não vamos a lado nen­hum. sem­pre paguei tudo, não sei porque é que o con­tinuo a fazer, mesmo os erros que não cometi, que os nos­sos gov­er­nantes come­teram, mas nós con­tin­u­amos a pagar, eles con­tin­uam a via­jar com car­ros, motoris­tas, com férias e tudo o resto, é triste mas isto tinha de dar uma grande volta, não vejo futuro nen­hum para os meus fil­hos. por isso o meu filho pensa assim, que acabar a fac­ul­dade, fugir de Por­tu­gal, aliás, o nosso primeiro min­istro acon­sel­hou. e eu agora estou nas novas opor­tu­nidades, que é estar desem­pre­gada, como ele disse que estar desem­pre­gada é uma opor­tu­nidade, é pena não ser ele, tenho mesmo muita pena…”

O Rosto do Desemprego - 93

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Nome   Pedro Gomes
Idade   36 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa / Costa da Caparica
For­mação  fre­quên­cia uni­ver­sitária em dire­ito
Última profis­são   profis­sional de seguros
Há quanto tempo desem­pre­gado   começou hoje, 1 de agosto de 2012
Agre­gado famil­iar   casado, tem dois fil­hos
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “é a primeira vez que me encon­tro nesta situ­ação, acabei ontem o meu con­trato e hoje é o meu primeiro dia como desem­pre­gado (…) esta é uma real­i­dade que estou a ten­tar absorver, hoje vejo-me na rua, saí de tra­bal­har sem cumprir o horário de tra­balho, é uma angus­tia, é a incerteza quanto ao futuro não só por mim mas tam­bém por causa da minha família, tenho dois fil­hos para criar e é muito com­pli­cado, feliz­mente a esposa tra­balha senão era o descal­abro, agora vou requerer o sub­sí­dio de desem­prego, são dois anos, vou rece­ber muito menos que aquilo que rece­bia e tenho de me adap­tar a uma nova real­i­dade e fazer uma busca inces­sante por um novo tra­balho”
Per­spec­ti­vas de futuro   “neste momento é a incerteza quanto ao futuro, há per­spec­ti­vas de poder arran­jar alguma coisa na mesma área dos seguros, mas provavel­mente será muito difí­cil auferir o salário que tinha, tal como com as condições con­trat­u­ais que já tive. o futuro será mais precário. é uma situ­ação nova que esou a viver e tenho de me adaptar”

O Rosto do Desemprego - 92

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Nome   Teresa Pereira
Idade   52 anos

Naturalidade/Residência   Angola / Lis­boa (cam­polide)
For­mação  bachare­lato engen­haria civíl
Última profis­são   fis­cal­iza­ção de obras em con­strução civíl
Há quanto tempo desem­pre­gado   abril de 2008
Agre­gado famil­iar   duas pes­soas, vive com o filho
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou tudo, só não mudou a casa porque já estava paga. férias acabaram, desee essa altura que não vou à praia, voltei há poucos dias pela primeira vez (…) faço tudo o que me aparece, desde car­regar móveis, a pin­tar. ami­gos que me pedem ajuda, ajudam-me, pagam-me almoço, dão-me alguma coisa. o fundo de desem­prego já o perdi, vivo das esmo­las da minha mãe e do meu irmão”
Per­spec­ti­vas de futuro   “neste momento não vejo nen­hu­mas. nem sequer penso emi­grar, porque com a minha idade é um pouco dificíl, começo a sen­tir menos força anímica, moral e física. tenho um filho com 15 anos e não o posso aban­donar, não vejo nen­huma solução senão con­tin­uar a viver da cari­dade da família e ami­gos (…) penso que a situ­ação do país não vai pio­rar, não sou pés­simista, e ape­sar de o país  estar a pas­sar  mal acred­ito neste primeiro min­istro, acred­ito na seriedade dele e de mais alguns min­istros e que estão a fazer um grande esforço para que breve­mente se pos­sam encon­trar soluções para quem ainda pode e deve tra­bal­har o con­siga (…) quero que as pes­soas não desanimem, não se droguem, bebam uns copi­tos de vinho de vez em quando com os ami­gos, que já faz parte da tradição, e que ten­ham fé porque essa é a última coisa a mor­rer, que é o que eu faço, não se metam em alhadas, que só piora. os ami­gos são sem­pre uma mais valia, nunca os per­cam. é pre­ciso saber escolhê-los. a juven­tude que olhe para isso, não pensem só numa car­reira ou emprego, é tam­bém con­struir uma relação social e famil­iar que serve sem­pre de rec­ta­guarda para o resto da vida, é pre­ciso inve­stir aí, não é só nos estudos ”

O Rosto do Desemprego - 91

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Nome   André Fil­ipe Fragoso
Idade   21 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa / Lis­boa
For­mação  9ª ano
Última profis­são   tra­bal­hou em super­me­r­cado
Há quanto tempo desem­pre­gado   out­ubro de 2011
Agre­gado famil­iar   vive com o pai
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “reduzi hábitos de con­sumo porque não tinha rendi­mento disponível e porque as per­spec­ti­vas de emprego ficaram mais escas­sas (…) as saí­das ficaram mais lim­i­tadas, reduzi um pouco o estilo de vida a que estava habit­u­ado, faz parte nesta situ­ação, temos que nos adap­tar a essa real­i­dade”
Per­spec­ti­vas de futuro   “sei que agora é com­pli­cado encon­trar tra­balho, mas temos de ir à luta, não podemos baixar os braços. já esta­mos mal, podemos ficar ainda pior, mas não podemos pen­sar só assim. há-de mel­ho­rar, não esteve sem­pre assim, e não há-de ficar para sem­pre assim também”

13/08/12

O Rosto do Desemprego - 90

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Nome   Ana Pin­heiro Torres
Idade  27 anos

Naturalidade/Residência   Porto / Porto
For­mação   licen­ci­ada em fotografia pela esap em 2008
Última profis­são   fez está­gio remu­ner­ado num jor­nal 
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde junho de 2008
Agre­gado famil­iar   vive em casa dos pais, agre­gado de 4 pes­soas
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “no iní­cio pen­sei que o prob­lema e a culpa eram meus,  depois come­cei a perce­ber o que se pas­sava à minha volta, a ficar mais atenta às notí­cias e agora sei que, emb­ora a culpa não seja minha,  nunca me senti tão amar­rada por não poder fazer nada”
Per­spec­ti­vas de futuro   “emi­grar. se isto con­tinua a ser assim, com um povo tão pas­sivo e con­tin­uar­mos a ter este gov­erno com medi­das tão desumanas, não estou a fazer nada aqui. estou a ten­tar fazer alguma coisa, luto à minha maneira mas não tenho per­spec­ti­vas de futuro aqui. tudo o que se gan­hou nos anos 80 desa­pare­ceu em pouco espaço de tempo. cresci numa altura em que se faziam planos e agora não dá para isso (…) nunca tive um back­ground a nível político e nunca  senti tanta neces­si­dade de ter uma vida activa, mas fico decep­cionada por a maior parte das pes­soas, mesmo desem­pre­gadas, pen­sarem que não vale a pena lutar con­tra estas medi­das de aus­teri­dade e desumanas. este con­formismo todo deixa-me um pouco con­fusa (…) pen­sar que esta­mos no séc. XXI com tanta infor­mação e tec­nolo­gia e estar­mos a lutar por coisas bási­cas que os nos­sos antepas­sa­dos con­quis­taram com tanto suor, sangue, e lágri­mas, como o pão, água e luz (…). no douro inte­rior estão pes­soas a pas­sar fome, a alimentar-se com água quente, no porto está a haver muita pobreza escon­dida, pes­soas a pas­sar fome, não sei a que ponto isto vai chegar, não tenho grandes esper­anças, já tive mais”

O Rosto do Desemprego - 89

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Nome   José António Antunes da Costa
Idade  34 anos

Naturalidade/Residência   Vila do Conde
For­mação  9º ano esco­lar­i­dade
Última profis­são   sol­dador
Há quanto tempo desem­pre­gado  de dezem­bro de 2011 a março de 2012,  vai ter emprego em setem­bro próx­imo
Agre­gado famil­iar  não casado,  vai ter um filho prox­i­ma­mente
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “a cabeça é a única coisa que tra­balha, não se sabe o que fazer nem o dia de amanhã. o objec­tivo é con­seguir o din­heiro para pagar as suas despe­sas diárias e men­sais”
Per­spec­ti­vas de futuro   “são iguais às de hoje. não fui eu que criei nen­hum prob­lema nem nen­huma crise. sendo cidadão posso não gostar da sociedade como é, mas sou impo­tente para a a mod­i­ficar, não posso ser eu soz­inho a modificá-la, posso alterar alguma coisa junto dos meus ami­gos, cole­gas, na minha vila (…) espero que as pes­soas (políti­cos) pos­sam mudar alguma coisa para o bem de todos, para que o dia de amanhã possa ser mel­hor para o meu filho que o meu dia de hoje. não tenho nen­hum tipo de ressen­ti­mento ou queixa sobre a sociedade onde vivo ”

O Rosto do Desemprego - 88

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Nome   Patrí­cia Piteira
Idade   26 anos
Naturalidade/Residência   Bar­reiro / Lis­boa
For­mação  Licen­ciatura arqui­tec­tura
Última profis­são   lojista
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde março de 2012
Agre­gado famil­iar   sem depen­dentes, par­tilha casa com mais pes­soas
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “é um pouco não saber o que fazer, o tempo passa e temos as nos­sas con­tas, temos a nossa inde­pendên­cia a man­ter. eu já era poupada e pas­sei ainda a ser mais poupada”
Per­spec­ti­vas de futuro   “mais cedo ou mais tarde as coisas vão ter de se alterar, para mim está a ser mais tarde (…) qual­quer coisa há de apare­cer, seja em que área for, penso sem­pre que algo possa apare­cer no futuro. a minha intenção não é sair de Por­tu­gal, acred­ito em mel­ho­rias para o país, mas não tão cedo, não a curto prazo”

O Rosto do Desemprego - 87

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Nome   Ivone Dias
Idade  43 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  6º ano esco­lar­i­dade aju­dante acção directa famil­iar
Última profis­são   aju­dante famil­iar
Há quanto tempo desem­pre­gado   abril de 2011
Agre­gado famil­iar   vive com o marido e a filha
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “as mudanças finan­ceiras, a prestação da casa, tinha a vida toda orga­ni­zada e ficou tudo des­or­ga­ni­zado (…) em 2004 apan­hei menin­gite que me afec­tou a audição, entre­tanto come­cei a tra­bal­har como aju­dante famil­iar mas é com­pli­cado para fazer noites, por exem­plo. quando há uma pequena defi­ciên­cia, e a minha não é assim tão pequena, não me dão a reforma porque acham que isso não é com­patível para atin­gir a reforma”
Per­spec­ti­vas de futuro   “está muito negro para o futuro. vou esperar para ver, mas não se está a ver nada”

O Rosto do Desemprego - 86

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Nome   Nuno Miguel da Silva San­tos
Idade 36 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  9ª ano  motorista
Última profis­são   tra­bal­hou em empresa cather­ing
Há quanto tempo desem­pre­gado   junho de 2011
Agre­gado famil­iar   vive com com­pan­heira
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou total­mente, perdi tudo, a casa. estou a morar num alber­gue, as condições lá são mis­eráveis, não pen­sava que exis­tisse um sítio assim. estou a viver do rsi, eu e a minha com­pan­heira mas há muita injustiça na dis­tribuição do mesmo, há famil­ias de 7 e 8 pes­soas e todos os recebem, e alguns recebem-no e tra­bal­ham em simul­ta­neo, ape­sar de nada declararem”
Per­spec­ti­vas de futuro   “estou a pen­sar seguir um con­selho de um político, que man­dou a juven­tude sair, acho que vou seguir esse con­selho, não vejo per­spec­ti­vas cá em Por­tu­gal. tenho estado a fazer for­mações do POPH (Pro­grama Opera­cional Poten­cial Humano) não pagam muito mas sem­pre dá para o passe social e ali­men­tação (…) as pes­soas vivem acima das suas expec­ta­ti­vas porque foram impul­sion­adas para isso, se tivesse exis­tido infor­mação prévia o resul­tado final pos­sivel­mente não teria sido este (…) é uma bola de neve onde quem ganha são sem­pre os mes­mos. Não vejo um imposto sobre as mais-valias das grandes multi­na­cionais ou da banca (…) as pes­soas iludem-se. há muita gente que não está em alber­gues porque têm pais, mães e avós, porque se não os tivessem já estavam lá”

08/08/12

O Rosto do Desemprego - 85

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Nome   Luís Avelino San­ti­ago da Costa
Idade  37 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  12º ano
Última profis­são   elec­tricista
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde março de 2012
Agre­gado famil­iar   casado, tem uma filha depen­dente
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “há imen­sas difi­cul­dades a nível de din­heiro, o sub­sí­dio está muito atrasado. sinto que tenho mais tempo para a minha filha e isso de certo modo ocupa-me ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “gostava que isto mel­ho­rasse mas não me parece que vá mel­ho­rar nos próx­i­mos tem­pos, estou dis­posto a tra­bal­har em qual­quer área mas dou prefer­ên­cia à minha (…) neste momento de crise em que ninguém faz con­tratos, penso que há muitos patrões a fazer con­tratos ‘esquisi­tos’ e a aproveitar-se da situ­ação. declaram orde­na­dos erra­dos, sim­u­lam paga­mento de sub­sí­dios de férias sem os pagar, e muita coisa parecida”

O Rosto do Desemprego - 84

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Nome   Maria Paula
Idade  52 anos
Naturalidade/Residência   Mas­sare­los / Porto
For­mação  12º ano e várias cur­sos profis­sion­ais
Última profis­são   escul­tora cerâmica / artís­tica plás­tica
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 2010 inscrita num cen­tro de emprego
Agre­gado famil­iar   tem um filho depen­dente, com 23 anos, estu­dante
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “rad­i­cal­mente tudo, não sou sen­hora para com­prar uma peça de roupa, não vou a um cin­ema, teatro, não com­pro um livro ou uma revista., é tudo dado. a ali­men­tação tenho aju­das. estou num quarto emprestado. de momento tenho 288 euros do estado para mim e para o meu filho com 23 anos. não tenho carro, não tenho casa, não tenho mobílias, não tenho nada. tenho-me a mim, ao meu espírito de luta e liber­dade ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “tenho uma esper­ança enorme que isto vá mudar porque nós temos de mudar. não nos podemos fechar em casa, temos de vir para a rua, lutar, ocu­par os par­ques, as bib­liote­cas. digo às pes­soas que se instruam, leiam muito, desliguem a tele­visão, informem-se por out­ros meios, juntem-se. isto tem de mudar a todos os níveis, ninguém está bem. (…) as coisas nunca estiveram tão más ou tão negras como agora. no fas­cismo nós defendiamo-nos, sabi­amos com quem estavá­mos, agora com o pre­texto que esta­mos numa democ­ra­cia, estão-nos a cor­tar todos os dire­itos, não há liber­dade de imprensa e de expressão, todos os dias assis­ti­mos a coisas extrema­mente fraud­u­len­tas, mentem e roubam, não há palavras (…) considero-me uma activista por cidada­nia, não tenho par­tido político, nem equipa de fute­bol, nem religião sequer, gosto de toda agente por igual e esta­mos todos a sofrer sem neces­si­dade. era pre­ciso parar e reverter este sis­tema todo”

O Rosto do Desemprego - 83

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Nome   Lil­iana Andreia Mor­eira de Fre­itas
Idade   31 anos

Naturalidade/Residência   Guimarães
For­mação  pro­fes­sora do 1º ciclo
Última profis­são   tra­bal­hou no agru­pa­mento de esco­las de Pedome, Vila Nova de Famalicão
Há quanto tempo desem­pre­gado   acabou con­trato há dois dias, a 19 de julho na escola onde estava colocada
Agre­gado famil­iar   casada, tem uma filha
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “para já pouca coisa, estou à espera de nova colo­cação que, infe­liz­mente, já sei que vai ser muito difí­cil con­seguir, o mais certo é ficar um ano inteiro sem tra­balho”
Per­spec­ti­vas de futuro   “há menos cri­anças, por causa da nova reestru­tu­ração que foi feita, as tur­mas foram alargadas até 26 alunos, criaram-se os mega agru­pa­men­tos, o que faz com que se extin­guis­sem muitas tur­mas, e muitos pro­fes­sores, cerca de 50.000 vão ficar desem­pre­ga­dos para o próx­imo ano lec­tivo, e eu sou uma delas, sou con­tratada e serei eter­na­mente, é a minha realidade”

O Rosto do Desemprego - 82

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Nome  José Car­los Andrade*
Idade   35 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  Licen­ci­ado em gestão de empre­sas
Última profis­são   téc­nico supe­rior de segu­rança e higiene no tra­balho
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde maio de 2008
Agre­gado famil­iar   vive soz­inho
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “o que­brar de todas as roti­nas que ante­ri­omente havia. quer ali­menta­res, socias, rela­cionais, muda tudo ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “temos de ir pela ver­tente do empreende­dorismo, é a única forma de sair desta fase em que esta­mos. o país tem per­spec­tiva de sair desta fase por que passa. não sei esta é a mel­hor forma que está a ser apli­cada no nosso país, nem sei se é com este tipo de envolvi­mento, quer político, quer social”
*nome fic­tí­cio

O Rosto do Desemprego - 81

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Nome   Diogo Fil­ipe Jac­into Botelho
Idade   23 anos
Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  10º ano 
Última profis­são   pequenos tra­bal­hos em mecânica
Há quanto tempo desem­pre­gado   ajuda o pai em restau­rante
Agre­gado famil­iar   vive com pai e irmão
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “é mais ao con­trário. nada mudou, con­tinua tudo na mesma, parece que ainda saí da escola ontem. é difí­cil ter as min­has coisas e arran­jar din­heiro para os meus gas­tos. procuro emprego, procuro sem­pre coisas mel­hores ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “até dá von­tade de não pen­sar no futuro. vai deva­gar­inho. há que pen­sar pos­i­ti­va­mente. gostava de dizer que vai mel­ho­rar mas quem é que tem essa certeza, ninguém”

O Rosto do Desemprego - 80

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Nome   Dalila Teix­eira
Idade   24 anos
Naturalidade/Residência   Coim­bra / Porto
For­mação  Ciên­cias da Comu­ni­cação e Jor­nal­ismo ramo asses­so­ria de imprensa
Última profis­são   asses­so­ria de imprensa na assem­bleia da república
Há quanto tempo desem­pre­gado   perto de dois meses
Agre­gado famil­iar   vive soz­inha
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “fiz todas as con­tas para quando chegasse ao final do está­gio poder estar um a dois meses tran­quila sem um tra­balho, a acabar o relatório de está­gio e fazer o meu último exame sem pen­sar muito nisso”
Per­spec­ti­vas de futuro   “estou com um pouco de receio, não sei sequer se vou con­seguir um está­gio profis­sional, mesmo isso nesta altura pode não ser fácil. tra­bal­hei e estudei desde o primeiro ano do meu curso, oscilei em profis­sões como jor­nal­ismo, bar­made, lojas, coisas muito difer­entes, tudo muito precário (…) o meu último ano foi extrema­mente com­pli­cado pois tra­bal­hava à noite e estu­dava de manhâ, era muito com­pli­cado e como sou o único ele­mento do meu agre­gado famil­iar tra­bal­hava não só para pagar o curso mas para pagar a conta do super­me­r­cado, àgua, luz, renda e tudo isso ”

O Rosto do Desemprego - 79

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Nome   Paulo Oliveira
Idade  43 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  empre­gado de mesa, tem o 9º ano
Última profis­são   empre­gado de mesa
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde fevereiro de 2010
Agre­gado famil­iar   casado, tem dois fil­hos
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “muita coisa, só a minha mul­her é que tra­balha, com um orde­nado prati­ca­mente mín­imo, tenho a renda em atraso, já tenho pro­ceso judi­cial de despejo, ando no dis­parate      ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “havia um antigo político que dizia que o povo é sereno (…) mas deixa-se enga­nar. não estou a ver isto com boas per­spec­ti­vas. tenho dois fil­hos pequenos e é muito com­pli­cado sair.  com a idade que tenho não é fácil. os empre­gos que respon­demos pen­sam que somos escravos, eu não o sou, nunca o fui. a minha mul­her ganha 600 euros e vimo-nos e desejamo-nos para pagar a água, luz, gás… é o país que temos”

O Rosto do Desemprego - 78

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Nome   Miguel Prata
Idade   41 anos
Naturalidade/Residência   Angola / Sin­tra
For­mação  gestão de empre­sas 
Última profis­são   con­sul­tor de apoio à elab­o­ração de planos de negó­cio
Há quanto tempo desem­pre­gado   free­lancer, há 5 anos apoia planos de negó­cio específicos
Agre­gado famil­iar   duas pes­soas
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou a forma de orga­ni­zar, já tra­bal­hei por conta de out­rém, numa empresa. tem aspec­tos muitos pos­i­tivos, como a segu­rança. a pes­soa chega ao fim do mês e sabe o que ganha e consegue-se plan­ear mel­hor. mas tem outro aspec­tos piores: menos liber­dade, menos autono­mia, está mais lim­i­tado, não se pode crescer, fica lim­i­tado ao cresci­mento que a empresa per­mite. nesta fór­mula a minha medida de cresci­mento é aquilo que eu sou capaz de fazer, logo tam­bém posso crescer mais (…) o que faço agora, mais especi­fi­ca­mente con­siste no apoio ao empreende­dorismo, faço a elab­o­ração de planos de negó­cio e estu­dos económi­cos nomeada­mente para apoio para desm­pre­ga­dos”
Per­spec­ti­vas de futuro   “são boas, ape­sar das crises, estas são para se resolver, não são uma fatal­i­dade. é pre­ciso é saber como, não como antiga­mente em que um emprego já não é para toda a vida. a situ­ação ideal é uma pes­soa ter várias coisas ao mesmo tempo, várias fontes de rendi­mento. mais especi­fi­ca­mente temos de nos virar as nos­sas empre­sas para a inter­na­cional­iza­ção e expor­tação, se isso não acon­te­cer é muito difí­cil. é isso que eu quero aju­dar a fazer”

O Rosto do Desemprego - 77

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Nome   António Soares
Idade  35 anos

Naturalidade/Residência   Porto / Vila Nova de Gaia

For­mação  Licen­ci­ado em antropolo­gia social e cul­tural (iscte) e mestrado (uni­ver­si­ade de coim­bra com 17 val­ores de média)
Última profis­são   téc­nico supe­rior no sec­tor ter­ciário  a recibo verde
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 31 de junho de 2011
Agre­gado famil­iar   vive em casa dos pais num agre­gado de 4 pes­soas
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “tudo. uma vida com­ple­ta­mente difer­ente de quando se está empre­gado. o facto de não haver din­heiro para abso­lu­ta­mente nada condiciona-te em abso­lu­ta­mente tudo. basi­ca­mente não vives, sobre­vives. estou a falar de peque­nas coisas, tomar um café, dar uma volta com os ami­gos, coisas bási­cas. vais per­dendo a socia­bil­i­dade, vais deixando de ter con­tacto com as pes­soas, vais ficando cada vez mais iso­lado. queres for­mar família não con­segues, queres ter uma relação estável não con­segues, tens de estar bem estru­tu­rado men­tal­mente senão começas a ir-te abaixo”
Per­spec­ti­vas de futuro   “são nulas. estou há mais de um ano a procura de emprego, indifer­en­ci­ado, qual­quer coisa básica. já não tem a ver com as min­has qual­i­fi­cações, não é isso que eu procuro, sequer (…) vou ao cen­tro de desem­prego e preocupam-se em arran­jar emprego a quem está a rece­ber um sub­sí­dio qual­quer, para ver se a pes­soa deixa de rece­ber esse sub­sí­dio (…) empre­sas de tra­balho tem­porário não se con­segue nada tam­bém, não sei se é por causa das qual­i­fi­cações que tenho, e por mais que eu diga que não olhem para isso, não con­sigo nada (…) já estou a fazer cur­ricu­los com o 9ª ano e com o 12ª ano, mas nada, zero”

O Rosto do Desemprego - 76

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Nome   Joaquim Bal­tazar de Sousa Mar­ques
Idade  46 anos

Naturalidade/Residência  Pin­hal Novo / Lis­boa
For­mação  12º ano chefe de ven­das elec­trónica de con­sumo
Última profis­são   chefe de ven­das elec­trónica de con­sumo
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde fevereiro de 2010
Agre­gado famil­iar   casado, a esposa desem­pre­gada, com dois fil­hos depen­dentes 
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “mudou tudo, tive de me adap­tar à situ­ação actual. tive de abdicar de muita coisa e enquadrar-me na actual real­i­dade, eu e toda a família. tin­hamos uma vida con­fortável e neste momento temos de cor­tar em muita coisa, na ali­men­tação, nas esco­las, o comer fora, o via­jar, as férias…”
Per­spec­ti­vas de futuro   “sei que não vou poder voltar a gan­har aquilo que gan­hava, nem ter as condições que tinha, como carro de empresa, telemóvel, refeições pagas, espero arran­jar um emprego onde possa mostrar o meu dev­ido valor estando men­tal­izado que vou ter um orde­nado que me dê para viver e sus­ten­tar a família (…) neste momento não devem só criar emprego para os jovens, gostava que olhas­sem para a situ­ação de pes­soas com certa idade, vál­i­das para tra­bal­har, mas que têm ainda mais difi­cul­dade de con­seguir emprego ”

O Rosto do Desemprego - 75

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Nome   Fran­cisco Mag­a­l­hães
Idade   26 anos
Naturalidade/Residência   Porto / Bon­fin
For­mação  Licen­ci­ado em Dire­ito
Última profis­são   tradu­tor em regime free­lance
Há quanto tempo desem­pre­gado   há 4 meses, quando acabou licen­ciatura
Agre­gado famil­iar   vive com o pai, que está refor­mado
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “é uma sen­sação de desaproveita­mento, com­pleta desilusão com o mer­cado de tra­balho e as polit­i­cas económi­cas actu­ais. sinto que tenho capaci­dades, posso ser uma mais valia, seja para o estado, seja para o sec­tor pri­vado e sinto que nem sequer olham para mim duas vezes, com um mer­cado de tra­balho com­ple­ta­mente encravado. psi­co­logi­ca­mente é muito pesado, finan­ceira­mente não ajuda nada mesmo ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “gostava que as pes­soas abris­sem um pouco mais os olhos, tivessem mais atenção ao que se passa à volta delas e ao que se passa com elas, muitas vezes não se apercebem dos cortes que são alvos e da reti­rada de dire­itos que são víti­mas, que as pes­soas se inte­grem mais na sociedade e na vida política porque no fundo a polit­ica e o que se passa na sociedade são elas que deci­dem, mais ninguém (…) as per­spec­ti­vas aqui são muito baixas. não vejo grande saída con­tin­uando as coisas como estão. começo a olhar com mais atenção para opor­tu­nidades de tra­balho no exte­rior, há alguns pro­gra­mas de mobil­i­dade na europa, e está­gios profis­sion­ais remu­ner­a­dos, estou agora a ver um na islân­dia na área de agri­cul­tura e ani­mais. é uma forma de ter acesso a outro mer­cado de tra­balho. mas a ideia é sair daqui o mais rap­i­da­mente daqui, é fugir ”

05/08/12

O Rosto do Desemprego - 74

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Nome   Roberto Car­los Pimenta Brin­quete
Idade   30 anos
Naturalidade/Residência   Elvas
For­mação  tra­bal­hou desde 14 anos como ser­vente de pedreiro
Última profis­são   téc­nico de insta­lação de  tele­co­mu­ni­caçãoes
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 27 de julho de 2011
Agre­gado famil­iar   vive na casa de irmã, cun­hado e sobrinho
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “muitos prob­le­mas famil­iares, prin­ci­pal­mente. como habito por favor numa casa que não é minha, quando não tenho tra­balho não me sinto bem em não con­tribuir para as despe­sas da casa ”
Per­spec­ti­vas de futuro   “em Por­tu­gal pou­cas ou mesmo nada, enquanto tiver­mos  o gov­erno a man­dar pes­soas para o desem­prego vai ser muito difí­cil. querem que nós emi­gre­mos e é o que vou ten­tar fazer então  (…)  nesta cidade 90% dos jovens até aos 30 anos estão todos desem­pre­ga­dos. quem tem mais de 30 quando fica desem­pre­gado já não tem hipótese de trabalho”

O Rosto do Desemprego - 73

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Nome   Miguel José Lopes Dias
Idade   43 anos
Naturalidade/Residência   Angola / Alfragide
For­mação  antigo 5º ano / Com­er­cial na área de indús­tria far­ma­cêu­tica
Última profis­são   com­er­cial em pro­jecto com tec­nolo­gia de ilu­mi­nação led
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde out­ubro de 2008
Agre­gado famil­iar   casado, tem três fil­hos
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “reequa­cionei muito coisas que fazia na minha vida. férias, saí­das de fim-de-semana foram dras­ti­ca­mente reduzi­das porque o orça­mento não o per­mite. no super­me­r­cado pas­sei a optar muito mais por mar­cas de linha branca, o que não fazia ante­ri­or­mente”
Per­spec­ti­vas de futuro   “vou abrir breve­mente um salão de cabeleireiro. ape­sar desta situ­ação da crise por vezes há negó­cios que con­vém começar mesmo durante uma crise, nomeada­mente este mer­cado de cabeleireiros, salão de beleza e parte estética. vou fun­cionar aqui em backup, relações públi­cas e recep­cionista, encam­in­har clientes (.…) se as coisas fun­cionarem bem pon­dero voltar à área com­er­cial, e porque não até nesta área da cos­mética ? (…) abri este negó­cio com cap­i­tais próprios, emprés­ti­mos de famil­iares e com o din­heiro do fundo de desemprego ”

O Rosto do Desemprego - 72

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Nome   Ana Luísa Gonçalves
Idade   18 anos
Naturalidade/Residência   Mafa­mude / Avintes
For­mação  Curso téc­nico audio­vi­sual na área cin­ema
Última profis­são   esta­giou em empresa da área de dec­o­ração, não remu­ner­ado
Há quanto tempo desem­pre­gado   nunca esteve empre­gada
Agre­gado famil­iar   vive com os avós, pais e irmã
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “come­cei a ver o mundo de outra maneira, as difi­cul­dades exis­tem real­mente, mas não estavam tão à flor da pele como agora”
Per­spec­ti­vas de futuro   “talvez sair do país, talvez ficar, depende do que vai acon­te­cer daqui para a frente. na minha área não tenho muita saída aqui em Portugal   ”

O Rosto do Desemprego - 71

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Nome   Sara Pereira
Idade   39 anos

Naturalidade/Residência   Lis­boa
For­mação  econ­o­mista
Última profis­são   econ­o­mista, lig­ada à avali­ação de grandes pro­jec­tos numa insti­tu­ição
Há quanto tempo desem­pre­gado   desde 15 de agosto de 2011
Agre­gado famil­iar   casada
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “não mudou muito porque estou habit­u­ada às mudanças, de três em três anos mudo, tra­balho por pro­jec­tos, fico pouco tempo numa empresa ou num pro­jecto ‚mudo de empresa ou mudo de pro­jecto. não estou muito procu­pada com o emprego a longo prazo (…) é um processo, é o meu processo pes­soal de cresci­mento, tam­bém”
Per­spec­ti­vas de futuro   “são boas, faço muitos pro­jec­tos pes­soais, desde vol­un­tari­ado, a coach­ing, tenho fer­ra­men­tas que par­tilho com pes­soas que estão na mesma situ­ação. estou sem­pre em pro­jecto. a nível de país falta inve­stir em pes­soas, investe-se em lucro, em inter­esses pes­soais, em seguros, em car­ros. e não nas pes­soas, é nelas que tem de se inve­stir,  que se tem de pen­sar e apoiar. é por isso que o país não cresce, a crise está muito lig­ada a isto. inter­na­cional­mente é o con­trário, olham muito para a pes­soa e para os seus inter­esses, dão –lhe as fer­ra­men­tas para tal”




O Rosto do Desemprego - 70

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Nome   João Vilela 
Idade   24 anos
Naturalidade/Residência   Porto
For­mação   mestrado em história e educação 
Última profis­são   pro­fes­sor a recibo verde, sem um rendi­mento fixo
Há quanto tempo desem­pre­gado   na sua opinião nunca chegou a estar empre­gado, vive situ­ação precária 
Agre­gado famil­iar   vive com a mãe
O que mudou na sua vida desde que ficou desem­pre­gado   “ Nunca deixei de estar desem­pre­gado. Só me vou con­sid­erar empre­gado quando chegar ao final de todos os meses e rece­ber um salario, até aí é um regime de vol­un­tari­ado a força. Não há um momento em que possa dizer ‘eu come­cei a estar desem­pre­gado’ nunca deixei pro­pri­a­mente de o estar. O regime de tra­balho que tenho actual­mente é um regime de tra­balho de pre­cariedade em que eu não recebo todos os meses. Não posso dizer a par­tir de tal dia eu perdi o emprego que nunca tive”
Per­spec­ti­vas de futuro    “Pas­sam por um de dois cam­in­hos. Ou a situ­ação social que actual­mente vig­ora é apro­fun­dada e aí eu vou viver ainda pior se pos­sível for, perderei o emprego que ainda tenho, e mesmo o salário que recebo de vez em quando nem esse vou ver daqui para a frente, ou então se esta situ­ação se alterar, poder­e­mos ter uma vida um pouco mel­hor, e penso que a única forma de isso acon­te­cer é através da luta dos desem­pre­ga­dos, dos precários, das pes­soas que ficaram na pobreza com estas polit­i­cas dos par­tidos do poder. Se as pes­soas se mobi­lizarem e exi­girem a revo­ga­cao destas polit­i­cas por out­ras mais jus­tas social­mente, isso poderá pos­si­bil­i­tar uma mudança na vida das pes­soas,  e ter­mi­nar com esta situ­ação de desem­prego e pre­cari­dade em que vive­mos. Sem essa mobi­liza­ção o único cam­inho será o de empobrecimento, empobrecimento, empo­brec­i­mento, até à China final. Os desem­pre­ga­dos e os precários dev­erão perce­ber rap­i­da­mente é que é necessário que eles se orga­nizem e lutem para com­bater a situ­ação em que vivem. Se não o fiz­erem vão ser eter­na­mente precários e desem­pre­ga­dos. Sem a sua mobi­liza­ção qual­quer trans­for­mação na sua vida é impos­sível. As trans­for­mações não lhes vão ser doadas pelas pes­soas que ben­e­fi­ciam  do estatuto em que eles estão”